Desafio:
Óxente & Tchê no “Outubro Rosa”
Óxente
Eu
convido à amiga
A
ter um dedo de prosa
Mas
aviso de antemão
Que
fico meio ansiosa
Ao
falar dessa asneira
O
tal do “Outubro Rosa”!
Tchê
Pois
eu digo minha amiga
Que
não é nenhuma asneira
É
uma campanha bendita
Muito
séria e verdadeira
Você
que vem dando o contra
Querendo
falar besteira!
Óxente
Isso
para mim não passa
De
mais uma invenção
Para
tentar iludir
Nossa
sofrida nação
Que
se conforma com pouco
Não
é de revolução!
Tchê
Esta
campanha não ilude
Pelo
contrário, esclarece.
Quando
a doença acomete
Não
basta promessa e prece
Vendo
todo mundo unido
O
doente fortalece!
Óxente
Ao
chegar num hospital
E
ver a equipe completa
Com
seu uniforme rosa
Tu
fiques muito esperta
Porque
a sala de espera
De
doente está repleta!
Tchê
Se
a sala está repleta
É
porque surgiu efeito
Esta
campanha bonita
Cada
um faz de seu jeito
Ao
falar do “Outubro Rosa”
Sinto
grande nó no peito!
Óxente
O
comércio é quem lucra
Com
essa grande besteira
Mais
uma data criada
Pra
vender suas asneiras
Pois
é tão fácil enganar
Essa
nação brasileira!
Tchê
Óxente vê se te avie
Tens
a cabeça embotada?
Onde
se viu falar mal
De
campanha articulada
Que
faz a sociedade
Sentir-se
nela engajada?
Óxente
Tu
deves é ter dinheiro
Para
poder se tratar
Ou
se não morres a míngua
Numa
fila a esperar
Se
essa prevenção existe
Deve
ser particular!
Tchê
Dinheiro
eu nunca tive
Não
me falta é consciência
Quando
vejo o problema
Já
vou tomando ciência
Boto
a boca no trombone
Mostro
minha competência!
Óxente
Ao
fazer teu preventivo
Sendo
na fila do SUS
Espere
só por um médico
Com
o nome de Jesus
Porque
tu morres e não sabe
A
doença que conduz!
Tchê
O
preventivo é um direito
Toda
mulher vai e faz
Não
é nenhum benefício
Não
passa ninguém pra traz
“Outubro Rosa” é reflexo
Que
a bela campanha traz!
Óxente
Esse
tal de “Outubro Rosa”
É
coisa pra inglês vê
Pobre
descobre a doença
Já
na ânsia de morrer
Pra
conseguir uma consulta
São
dois anos, podes crer!
Tchê
Desfazer
o “Outubro Rosa”
Faz
parte da ignorância
Pra
quem vem lá do sertão
Não
sabe o que é discrepância
A
campanha educativa
Faz
parte da vigilância!
Óxente
Tu
não vais me convencer
Com
essa conversa fiada
Eu
digo sempre e repito
Isso
é coisa organizada
Deve
ter alguém por trás
Recebendo
uma bolada!
Tchê
Que
é coisa organizada
Eu
disto tenho certeza
Por
isso já faço parte
Mostrando
minha esperteza
Salvando
muitas mulheres
Que
nasceram na pobreza!
Óxente
Tem
médico que nem olha
Pra
cara do paciente
Diz
que ele não tem nada
Mesmo
já estando doente
O
coitado volta pra casa
“Capiongo”
e carente!
Tchê
Eu
não te tiro a razão
O
sistema às vezes, falha
Este
mal é grande incêndio
Não
é só fogo de palha
Batendo
na mesma tecla
Tu
pareces uma gralha!
Óxente
Eu
acho que tu estás
Com
esse povo “acoloiada”
Pra
defendê-lo assim
Ou
foste hipnotizada
Ninguém
de tua família
Não
foi ainda enganada?
Tchê
Como
dizem os gaúchos
Nunca
estive “acuierada”
Mas
também não sou avestruz
Com
a cabeça enterrada
A
família reivindica
Pois
é gente mui letrada!
Óxente
Eu
digo isso e confirmo
Porque
na pele senti
Já
fui tachada de doida
No
dia em que eu decidi
Ir
ao médico e dizer
Tudo
aquilo que senti!
Tchê
Pois
doida mesmo já és
Por
discutir este assunto
Quando
existe uma campanha
Nós
temos que estar junto
Se
ninguém se preocupar
Nós
vamos virar defunto!
Óxente
Eu
só não sei por que tu
Defende
tanto esse povo
Eu
já disse e se preciso
Repito
tudo de novo
Minha
família sofreu
Tanto
o velho quanto o novo!
Tchê
Esta
teimosia é burrice
Parece
burro empacado
Lá
no Hospital do Câncer
Todo
mundo é bem tratado
Não
é história ou lorota
O
fato está comprovado!
Óxente
Pode
ir convencer outro
Com
esse teu blá- blá- blá
Conversa
pra boi dormir
Que
quer o outro enganar
Eu
só acredito é vendo
Não
de ouvir falar!
Tchê
Eu
não defendo ninguém
Só
tenho os olhos abertos
Quando
quero tirar teima
Vou
ver o caso de perto
Não
fico inventando moda
Se
for errado eu concerto!
Óxente
Eu
fui criada na roça
Nas
trincheiras do Brasil
O
meu saber vem de longe
O
teu, nem sei se existiu
Acreditas
nessas coisas
Que
diz qualquer imbecil!
Tchê
Eu
também vim lá da roça
Disto
sinto muito orgulho
Enfrentei
duras veredas
Com
pedras e pedregulho
Por
isso só quero o meu
Não
concordo com esbulho!
Óxente
Para
mim isso não passa
De
histórias da carochinha
Tu
defendes tua ideia
E
eu defendo a minha
Deixe
que o povo diga
A
que melhor lhe convinha!
Tchê
Pois
vá lá ver e confirme
Não
tampe sol com peneira
Não
adianta ser contra
Ficar
falando besteira
Vá
ser uma voluntária
Bote
a mão na ratoeira!
Óxente
Essa
prosa já foi longe
Vamos
parar por aqui
O
público está cansado
Já
não quer mais nos ouvir
Tem
gente que está chorando
Quando
devia sorrir!
Tchê
Chorar
faz parte da vida
Eu
choro em versos e prosa
Tu
queres fugir da raia
Como
jumenta teimosa
Tu
te negas a aceitar
O
glamour do “Outubro Rosa”!
Óxente & Tchê
E
juntas nos desculpamos
Pelo
modo de falar
Este
desafio é alerta
E
leva o povo a pensar
De
todos “Outubro Rosa”
Autoras:
Aurineide Alencar (Óxente)
Odila Schwingel Lange (Tchê)
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