Fronteiras diferentes
Tchê
Boa
noite minha gente
Venho
aqui desafiar
Quem
de vocês se atreve
A
vir comigo trovar
Desde
já vou avisando
Quem
vier vai apanhar!
Óxente
E
eu respondo ligeiro
Essa
pergunta a você
Que
topo desafiar
Para
todo mundo ver
Dessa
dupla que formamos
Óxente é melhor que Tchê!
Tchê
Eu
venho do Rio Grande
Não
tenho papas na língua
Quando
faço desafio
Eu
mato o outro à míngua
Vir
falando mal de mim
Incomoda
mais que íngua!
Óxente
Pois
eu vim da Paraíba
Um
estado do Nordeste
Fui
criada no sertão
Nas
veredas do Agreste
Não
tenho medo de íngua
Nem
de fome, nem de peste!
Tchê
Paraíba
masculina
“Mulher
macho”, sim senhor!
Teu
jardim só tinha cactos
No
meu, milhares de flor
Tu
só andavas de jegue
Eu
já nasci num trator!
Óxente
Só
que de cima do jegue
Eu
percorro o Brasil
O
cacto que me alimenta
Tem
utilidades mil
Tua
flor só tem beleza
Valor
algum ninguém viu!
Tchê
Não
adianta cara feia
Falo
sério e não mango
Tu
danças “xote” e baião
Eu
danço valsa e tango
Nasci
comendo churrasco
E
tu um magro calango!
Óxente
Na
dança eu não me canso
Vou
até raiar o dia
Com
os passos do forró
Que
o mundo contagia
Quem
come tanta gordura
Não
sente dessa alegria!
Tchê
Tu
tens a cabeça chata
Como
boa cabra da peste
Fugindo
da triste seca
Chegou
ao Centro- Oeste
Pois
lá morria de fome
Não
tem bóia no Nordeste!
Óxente
São
as cabeças chatas
Que
tem mais inteligência
E
mostra para o Brasil
Com
bastante paciência
Sua
gente não tem cultura
Religião,
nem ciência!
Tchê
Não
invente “converseira”
Tenha
vergonha na cara
Se
me ofender desse jeito
Dou-te
uma surra de vara
Enquanto
eu vim de avião
Tu
“veio” de pau de arara!
Óxente
Com
esse povo molenga
Que
anda de avião
Eu
nem penso em entrar
Com
ele em discussão
Porque
para mim não passa
De
um bando de cagão!
Tchê
Tu
“veio” para este mundo
Só
pra chorar a desdita
Tua
mãe sai mendigando
Um
bom leite de cabrita
Nasci
com roupa de seda
E
tu vestido de chita!
Óxente
Com
meu vestido de chita
Eu
virei mulher rendeira
Faço
o belo que não tem
A
tua seda estrangeira
Somos
de Terras distantes
De
diferentes fronteiras!
Tchê
É
verdade, tu disseste
Somos
mesmo de outro chão
Vim
para cá porque quis
Lá
nunca me faltou pão
Tu
vieste de pau de arara
Enquanto
eu de avião!
Óxente
Hoje
já falaste isso
Mas
faço questão de lembrar
Quem
anda de pau de arara
Tem
força pra trabalhar
Não
é como esses “froxos”
Vivem
em roda a fofocar!
Tchê
Não
fale de minha gente
E
nem de minha cultura
Eu
fui criada no campo
A
vida também foi dura
A
sobremesa era compota
E
a tua só rapadura!
Óxente
Falo
mal de tua cultura
Porque
tu falas da minha
Adquiri
forças nas pernas
Da
rapadura e a farinha
Tua
sobremesa mole
“Te
deixou” muito fraquinha!
Tchê
A
diferença é bem grande
Pois
tu só falas besteira
Fui
sim criada no campo
Sou
esperta e matreira
Mas
teu pai morreu bebendo
E
tua mãe de caganeira!
Óxente
Teu
pai se embriaga em vinho
E
o meu bebe cachaça
A
bebida brasileira
Mais
conhecida da praça
Onde
tu foste criada
A
cerveja que é desgraça!
Tchê
Neste
último verso eu digo
Comigo
não há quem pode
Fui
criada na fartura
Tomava
leite com “tody”
Comi
do bom e melhor
E
tu buchada de bode!
Óxente
Tu
estás mesmo é com medo
Por
isso já quer parar
Eu
tive leite de cabra
Para
me alimentar
Não
sou fraca como tu
Que
vive de capengar!
Tchê
Se
for para ofender
Eu
avanço como touro
Ando
por todo o Brasil
Galopando
no meu mouro
Teu
pai não tinha nem dente
E o meu dente de ouro!
Óxente
Hoje
nosso objetivo
Fazendo
essa brincadeira
É
mostrar que na cultura
O
Brasil não tem fronteira
A
dupla Óxente & Tchê
É
a prova verdadeira!
Óxente & Tchê
Se
alguém sentiu-se ofendido
Queremos
pedir perdão
Aqui
não tem preconceito
Isto
é simples diversão
Nós
somos irmãs de crença
De
alma e de coração!
Literatura
de cordel: Desafio.
Autoras:
Aurineide
Alencar (Óxente)
Odila
Schwingel Lange (Tchê)
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