sábado, 7 de fevereiro de 2015

Em busca de um sonho no exterior III

Na churrascaria Querência
Foi o ônibus esperar
Lá encontrou paraguaios
E começou a conversar
Mas quando o marido viu
Principiou a “ciumar”!

Ao perceber a cena
O paraguaio se afastou
No mesmo momento
O ônibus na frente parou
Pegando suas malas
Nele, ela embarcou.

De Dourados a Pedro Juan
Foi mesmo muito engraçado
Coincidência ou não
Sentou-se bem do seu lado
Um nordestino da “peste”
Um “cabra” bem “arretado”!

E ele falava muito
De um livro que escrevia
Vergonha de ser brasileiro
No seu relato dizia
Cobria a cara com a mão
Para tirar fotografia!

No dito livro falava
Muito bem do Paraguai
Diz que as regras de lá
Bandido não sobressai
Pois se roubar ou matar
Logo no cassete cai!

E não tem esse negócio
Pode ser até de menor
A polícia quando pega
Bate mesmo sem ter dó
Ele disse com certeza
Não viu em um canto só.

Ao andar nessa fronteira
Tudo pôde observar
No Brasil viveu na época
Do Regime Militar
Por isso que em seu livro
Muito tem do que falar!
  
Seu Francisco em sua capa
Cobre o rosto com a mão
Tem vergonha de ser brasileiro
Essa é sua opção
Ao chegarmos ao terminal
Ele segue outra direção!

Ela encontra Eliziane
Sua amiga de viagem
Como sempre ela tinha
Comprado sua passagem
Aguarda-a no embarque
Com toda sua bagagem!

Quando o ônibus chegou
Foi aquela alegria
Entraram nele e ficaram
Até amanhecer o dia
Descendo em Assunção
A qual ambas conhecia!

Para estudar o mestrado
Ciência da educação
Já no 3° período
Que elas duas estão
Com muita dificuldade
Que fizeram essa opção.

Juntas com brasileiros
De várias partes que vêm
Todos com objetivos
De estudarem também
Levando para Brasil
O saber que lhe convém!

Um passeio que fizeram
Não foi só de brincadeira
Quem conduziu o mesmo
Foi professor Olivera
Nas Ruínas Jesuíticas
No Paraguai a primeira.

O lugar é muito lindo
Traz paz para nossa alma
Ao vê todo aquele verde
O coração bate palma
Quem estiver agitado
Com certeza se acalma!

Quando chega ali pertinho
Vendo aquela construção
Feita de barro batido
Toda com a própria mão
Dá um orgulho profundo
Ter origem nessa nação!

Na colonização espanhola
A construção foi feita
Ideia dos jesuítas
E parecia perfeita
Para proteger os indígenas
Da escravidão sujeita!

Não que os indígenas
Gostassem de lá ficar
Mas com os espanhóis
Iam se escravizar
Por isso com os jesuítas
Era melhor se harmonizar!

Lá eles firmaram
Pequena comunidade
Com estrutura da época
De uma pequena cidade
Essa que estou falando
Era a Vila de Trindade!

Querendo salvar os índios
Das brutas escravidões
Portuguesas e espanholas
Jesuítas entram em ações
Constroem na América
Exatos trinta missões!

Dividido entre o Brasil
Argentina e Paraguai
Para proteger os índios
Que precisar muito “vai”
Do massacre e a opressão
Que contra eles sobrecai!

Os indígenas eram convidados
A integrar a comunidade
Recebiam segurança
Educação e prosperidade
A sua língua de origem
Era mantida de verdade!

Apesar de algumas tribos
Ainda serem canibais
Praticarem poligamia
Proibidos atos tais
Jesuítas aos poucos
Evangelizou os demais!

No centro de Trindade
Há uma grande praça central
Ali onde se organizavam
Toda a vida social
Agora já se tornou
Patrimônio mundial!

Antes de chegar às Ruínas
Tem também a costaneira
Que no rio Paraguai
Não é mesmo brincadeira
Uma praia artificial
Parecendo verdadeira!

E achei tão engraçado
O nome é de Ipanema
Tudo “chic” e alinhado
Que digo que vale a pena
Pois no sul do Paraguai
A riqueza é suprema!

Tem gente que discrimina
Só porque não o conhece
Vai ali à fronteira
E por lá permanece
Vê sujeira e pobreza
Do resto tudo se esquece!

Mas a turma “Pato Branco”
Gostava de ir mais além
Em seus períodos de aula
Com um “maestro” também
Em uma aula de campo
Mostra o turismo que tem!

O Osvaldo Olivera
Fez a viagem turística
Além de ser o professor
Veja que grande conquista
Dificuldade não teve
Onde é naturalista!

Também não posso esquecer
Da “maestra” Elena
Que fez a troca de aula
Pois não viu nenhum problema
Já que éramos turistas
Podia valer a pena!

E a “maestra” Selva
Outra muito competente
Quem estudou com ela
Muito conhecimento sente
Quem disser ao contrário
É porque é contundente!

Em Assunção dessa vez
Ninguém quis sair na rua
Só umas comprinhas básicas
É verdade nua e crua
Lá no Mercado 4
Onde o comércio atua.

Para comprar as bugigangas
Ninguém a isso resiste
O preço é muito barato
O vendedor ainda insiste
A gente acaba comprando
Antes mesmo que desiste!

Andando de “autobus”
Porque era mais barato
A turma se combinava
Sempre era feito um trato
E até no restaurante
Economizava o prato!

Foram na feira das “Chicas”
Que teve na Plaza Itália
Compraram alguns presentes
Blusas, bolsas e medalhas,
Aurineide comprou sapato
E trouxe para Natalia!

Também levou seus cordéis
E fez a divulgação
Expôs lá em uma banca
Para a população
Mostrou nossas diferenças
No centro de Assunção!
  
Levou um banner que fez
Na “Universidad” a diferença
Colocou em sua classe
Demonstrou a sua crença
Depois também no saguão
Manteve sua presença.

Companheira inseparável
Eliziane fez amizade
Pegava na sua mão
Apesar de menos idade
Poderia ser sua filha
Mas era mãe na verdade!

Durante estes dois anos
Muita coisa aconteceu
Dividindo o quarto juntas
Muito mais se “conheceu”
Aprenderam e divertiram-se
Por isso acham que valeu!

Quase toda a turma
Esta lá no mesmo hotel
As baianas, a Viviane,
A Ângela e Rafael
A Lidia e o marido dela
Já dava quase um cordel.

E o outro pessoal
Conforme segue a sequência
Ficou ai dividindo
Adequando a preferência
Cada grupo em um hotel
Suprindo suas exigências.

Todos próximos ao centro
Que é para andar a pé
Sabe como é estudante
Dinheiro só tem pra o café,
E o que sobra quer comprar
Algo que ele não tiver!

E ainda quer levar
Lembrança para os parentes
Qualquer coisa é novidade
Para deixá-los contentes
Sempre dá um jeitinho
De comprar suficientes.

Tem gente que se empolga
Paga excesso no avião
Eu já vi uma colega
Pagar lá de Assunção
O valor de uma mala
Passar bem de “milhão”!

A igreja dos heróis
Todo dia ao entardecer
O povo que está na rua
Para todos ali pra vê
O arreamento da Bandeira
Como é lindo de se ver!

Os soldados tocam o hino
Fazem apresentação
Depois recolhe a Bandeira
Entram com ela na mão
O povo em silencio
Respeito e admiração.

E os fiéis acompanham
Entrando até a igreja
Fazendo oração pelos mortos
Precisa que você veja
Rezando e cantando todos
Com o parente que esteja.

Até junto com os índios
Aurineide foi vender
Sentou ali na calçada
Para todo mundo vê
Junto com os objetos
Os seus cordéis pôs a ler!

As três viagens que fiz
Lembro que essa foi a melhor
Especialmente quando
Não somente fomos só,
Conhecer a costaneira
Ainda sem brincadeira
Ruínas Jesuítas, que dó!

Autora: Aurineide Alencar

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